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Victor Barboza

Autor: Victor Barboza

Greve dos caminhoneiros: uma aula da lei de Oferta e Procura

28/5/2018 - Rio Claro - SP

A greve dos caminhoneiros quem vem acontecendo desde a semana passada além de ser uma reivindicação dos transportadores de carga por melhores preços nos combustíveis, também nos mostra como a lei da Oferta e Procura não é só uma teoria econômica, mas sim uma realidade.

Economia

A Lei da Oferta e Procura é responsável por buscar estabilizar a procura e a oferta de determinado bem ou serviço. Antes de mais nada, é importante entender os significados de Oferta e Procura. A Oferta pode ser entendida como a quantidade de produto disponível em mercado, enquanto a Procura (também chamada de Demanda) é o interesse em relação a este mesmo produto.

A oferta depende do preço, da quantidade e da tecnologia empregada. A procura é influenciada pelas preferências do consumidor, pela relação entre o preço e a qualidade e também pela facilidade de compra.

O preço é um dos fatores mais importantes de serem observados. Inicialmente, quando um produto ou serviço são lançados, ele até chega a ser um dos determinantes, porém, em geral, ele acaba sendo definido pelo próprio consumidor, pelos desequilíbrios entre oferta e procura.  Em outras palavras, quando os consumidores aumentam a busca por um produto ou serviço quaisquer, o produtor eleva seu preço. E, no cenário oposto, quando um produto ou um serviço deixam de ser procurados, o produtor é estimulado a reduzir suas produções ou até deixar de produzir  produto (ou prestar o serviço). 

Claro que há uma variação dessa relação de produto para produto. Por isso, outro conceito da economia é a Elasticidade, que é o tamanho do impacto que a alteração em uma variável (por exemplo, o preço) exerce sobre outra variável (por exemplo, a demanda). Essa relação pode ser entendida como a reação das pessoas frente a mudanças em variáveis econômicas.

Produtos inelásticos são aqueles em que os consumidores são relativamente insensíveis a variações no preço. Já o bem que tem demanda elástica é aquele em que a quantidade demandada responde substancialmente a variações no preço.

Os determinantes do grau de elasticidade de um bem estão relacionados às preferências do consumidor, envolvendo o grau de essencialidade do bem, se existem bens substitutos e horizontes temporais.

Os bens chamados de “bens de consumo substitutos” são aqueles que, como o próprio nome já diz, possuem substitutos, e, dessa forma, com a alta do preço de um produto, procura-se consumir outro produto que atenda a demanda original. Isso acontece, por exemplo, entre o álcool e a gasolina.

Já os bens complementares, bens que são consumidos em conjunto, e que o aumento ou a diminuição de um determina o mesmo movimento em outro é o caso visto, por exemplo, entre o carro e o combustível, já que você precisa do combustível para utilizar o carro.

Mas qual a relação com a greve dos caminhoneiros?

Com os bloqueios nas rodovias e a suspensão na entrega de combustíveis aos postos, inicialmente tivemos a oferta de combustíveis caindo drasticamente. As filas nos postos aumentaram, e, pelo fato do combustível ser um bem praticamente essencial, os preços subiram e mesmo assim o consumidor aceitou (comportamento inelástico).

A falta de abastecimento de combustível nos postos afetou toda a logística de comércios que dependem de transporte de cargas ou pessoas, o que também trouxe a relação da oferta e procura para outros produtos e serviços, como supermercados, feiras, Uber.

Ou seja, no cenário de greve, criou-se um ambiente economicamente perturbado, que trouxe a redução na oferta e, consequentemente, aumento nos preços. Para não termos um impacto tão grande nos nossos bolsos, é importante economizar, e planejar-se bem para consumir apenas o necessário, enquanto as coisas não se resolvam. No caso de bens de maior necessidade, como alimentos e combustível, caso compre com preços abusivos, peça a nota fiscal e também denuncie no Reclame Aqui e no Procon, pois o Direito do Consumidor deve sempre prevalescer.

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