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Douglas Silva

Autor: Douglas Silva

Quem é o verdadeiro cidadão de bem brasileiro?

1/4/2018 - Rio Claro - SP

Após pouco mais de 500 anos de história o país ainda vive uma falsa dicotomia, onde se fomenta aparentemente dois pontos de vista alternativos que são colocados como sendo as únicas opções, quando na realidade podem existir outras opções que não foram levadas em consideração. O imperialismo da ignorância continua sendo o ponto crucial de uma sociedade que não recebe e não dá o devido valor ao bem mais precioso “EDUCAÇÃO”, dessa maneira nos tornamos um país miserável, sendo que a cultura, arte e a capacidade intelectual se tornaram vil ao invés de virtude. 

É alarmante observar doutores da ignorância patrocinados por um sistema que os levam ao esquecimento, ou traz à luz sua real face que fortalece mesmo diante da falta de questionamento o posicionamento contra si mesmo. Afinal, todos somos “cidadãos de bem”, até o momento que nos é retirado a dignidade, o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: nossos direitos civis são deixados de lado pela falta de investimento que se negligencia desde a primeira infância. Sabemos, ou nos esquecemos de que “os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho justo, à saúde, a uma velhice tranquila”.

E assim, seguimos com mais de 200 milhões de pessoas que em sua grande maioria sustentam uma minoria privilegiada de parasitas que corrompem a grande maioria que se deixa corromper pela sua ignorância. 

Apontar o dedo, ou procurar em meio a balburdia o salvador da Pátria é perder a esperança que, também somos responsáveis em conduzir nossa Pátria de maneira mais honesta e digna. Mas, há de considerar que o exercício da cidadania quase sempre é deixado de lado, e a luta que expressa à igualdade dos indivíduos perante a lei fica comprometida, pois estamos longe de vivermos em uma sociedade organizada.

Para tanto, “é a qualidade do cidadão de poder exercer o conjunto de direitos e liberdades políticas, socioeconômicas de seu país, estando sujeito a deveres que lhe são impostos que faz um país rico”. Quando a participação consciente e responsável do indivíduo na sociedade se torna incrédula, seus direitos serão quase sempre violados por uma minoria corrupta, mas que é fomentada por uma maioria corruptível que não se dá conta da importância de ser um real “cidadão de bem”, na qual se esquecem dos seus deveres antes mesmo de lutarem pelos seus direitos, que quase sempre, são incompatíveis com sua conduta moral e ética. 

Há de considerar que nem todos possuem a capacidade de discernimento, afinal são vitimas da desigualdade social que pouco é questionada, mas que nos mostra sua real face diante da alarmante realidade em que vivemos, onde a desigualdade social se configura pela falta de educação básica de qualidade; poucas oportunidades de emprego; ausência de estímulos para o consumo de bens culturais, como ir ao cinema, teatro e museus; entre outras características como entre os fatores que proporcionam a má distribuição de renda e a falta de investimentos em políticas sociais.

Nesse sentido, e até onde podemos ver o verdadeiro “cidadão de bem” se encontra diante de um embate político entre forças do espectro ideológico-doutrinário e entre um recorte que levou a perda do espaço do diálogo antes produtivo entre intelectuais de direita x esquerda, ou conservadores x progressistas que ao contrário do que se busca, é notório observar que uma minoria com renda de países de primeiro mundo engole uma maioria miserável sem acesso aos termos da cidadania.

Enfim, lanço à luz a questão: quem são os verdadeiros “cidadãos de bem“? Isso pode nos levar ao questionamento de qual é a diferença entre o bandido bom “bandido morto” e o cidadão de bem? Ambos são parte de uma construção social que fomenta a violência, da inércia do Estado, da falta de investimento social, onde a política repressora assola o país, na qual se credita a violência aos “Zés até chegar ao João e as Marias etc...” e não ao Estado que negligencia direitos. 

A diferença pode estar nas circunstâncias ou na boa índole reivindicada pelo “cidadão de bem” que quase sempre é esquecida ou mal desenvolvida pela visão distorcida de uma realidade impositiva a si mesmo, e que é patrocinada pela falta de boas referências morais.

De antemão, é injusto olhar com olhos de incredulidade, mesmo diante da revolta que corrói a luta que não deve ser deixada de ser vivenciada pelo bom combate perante os estupradores naturais do Estado que distorce a lei pela lei do ressentido e controverso, onde a República corroída pelo sistema produz “cidadãos de bem” cerceados por uma classe política profissional, pela má educação do povo eleitor que troca voto por qualquer benefício concedido pelos mesmos políticos que sucateiam os serviços públicos e patrocinam a ignorância da maioria de seu eleitorado.

 

Douglas Silva 

http://douglassilvapsico.wixsite.com/arte-psicologia

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